Última atualização: 22-01-2025 12:10

Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, não esconde sua preocupação diante da atual situação financeira do mercado. Assim como outros líderes e treinadores no cenário do futebol brasileiro, ele relata dificuldades crescentes para a contratação de novos jogadores, que exigem salários altíssimos e possuem valores de transferência significativamente superiores aos de temporadas passadas.

Em uma coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira, o dirigente destacou que, desde que assumiu a presidência em junho de 2019, o preço para jogadores que antes custavam entre 400 e 450 mil reais agora chega a impressionantes R$ 900 mil. “É uma duplicação nos custos”, enfatizou Bittencourt. “Estamos lidando com volantes e zagueiros recebendo acima de 1 milhão, e isso nos leva a questionar a quantia que os atacantes irão exigir”, complementou.

Não obstante a má campanha em 2024, que resultou em receitas reduzidas, o Fluminense investiu na contratação do atacante uruguaio Agustín Canobbio por seis milhões de euros, aproximadamente R$ 37,7 milhões, uma das transações mais caras da história do clube.

Em uma demonstração clara do desequilíbrio de valores no futebol, vale lembrar que o Palmeiras recebeu uma proposta de 18 milhões de euros (em torno de R$ 113 milhões) para a transferência de um atacante que havia jogado no rebaixado Athletico-PR. O treinador Abel Ferreira, do Palmeiras, comentou sobre a necessidade de pagar altas quantias por jogadores na atual circunstância do mercado.

Alerta sobre a 'bolha' do mercado

A diretoria do Fluminense não está sozinha em suas preocupações acerca da inflação nas transferências nesta temporada da liga que é considerada a mais forte da América do Sul. Especialistas acreditam que o aumento dos preços é provocado pela injeção de capital, resultante da criação das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs), além da má administração por parte de alguns clubes e os altos contratos publicitários com casas de apostas.

Marcelo Paz, diretor-executivo do Fortaleza, pontuou que esse influxo de investimentos de SAF apenas inflacionou o mercado, visto que não se traduziu em um verdadeiro crescimento na receita dos clubes. Ele acredita que essa “bolha” eventualmente estourará, o que tornará a competitividade uma grande dificuldade para os clubes que buscam se manter organizados.

Os clubes do Campeonato Brasileiro desembolsaram impressionantes US$ 330 milhões em contratações em 2024, marcando um recorde. O Botafogo, sob a gestão de John Textor, investiu 70 milhões (aproximadamente R$ 423 milhões) nesse contexto, enquanto o Corinthians, mesmo enfrentando uma crise financeira aguda, ainda destinou cerca de 30 milhões (aproximadamente R$ 181 milhões) em novos jogadores.

A busca por soluções e o 'fair play' financeiro

Com a alta nos preços, muitos dirigentes têm clamado pela criação de regulamentações que estabeleçam um 'fair play' financeiro, como uma solução para controlar os gastos em relação às receitas. “É a única opção viável que temos a médio prazo”, afirmou Bittencourt. Contudo, essa proposta não agrada a todos, com a discordância em relação ao impacto que isso teria sobre clubes menores.

As altas cifras levaram algumas equipes a explorar mercados vizinhos em busca de opções mais acessíveis, enquanto outras aproveitaram a situação para lucrar com suas promessas. Recentemente, o Palmeiras negociou o jovem zagueiro Vitor Reis com o Manchester City por 35 milhões de euros, sinalizando o sucesso financeiro em meio a um cenário desafiador.

SHARE:

Redação

Obrigado por ler nossas notícias! Todo o conteúdo é produzido por nossa redação. Reproduzir sem autorização é proibido. Entre em contato pelo e-mail redacao@demanha.com.br para solicitar autorização. Sua opinião é importante, compartilhe sugestões e solicitações de pauta. Obrigado pela preferência em nosso site.

Leave A Reply

Your email address will not be published.*